Jucilene Gomes Cota Lima, mãe de um menino autista e vítima de violência doméstica, vive um pesadelo que não tem fim. Morando de favor de lote em lote na Barreirão, sem condições de oferecer uma casa segura aos filhos, ela teve seu pedido no programa Ser Família indeferido — e denuncia que um documento oficial, entregue para comprovar sua vulnerabilidade, simplesmente desapareceu da assistência social.

“Eu não consigo nem falar sobre isso… eu não consigo nem falar sobre isso… eu fiz de tudo, eles sabem o que eu passei, e mesmo assim, fiquei de fora!” desabafa Jucilene, com a voz embargada. “Vi gente jovem, com terras, ganhando a casa… e eu, que vivo de lote em lote, onde no último fui expulsa porque o proprietário mandou cortar a energia, fiquei sem nada!”

O drama de Jucilene vai além da moradia. Seu filho, de 13 anos, precisa de acompanhamento constante devido ao autismo. “No começo havia suporte médico e terapêutico, mas tudo acabou! Hoje ele só recebe a terapia via videochamada, sem avaliação adequada. As terapias acabaram com a mudança de gestão!” A falta de continuidade no atendimento mostra como mudanças administrativas podem destruir a segurança de famílias vulneráveis.

O indeferimento do pedido ocorreu por um detalhe burocrático: Jucilene foi orientada a registrar uma união estável com seu companheiro, prestador de serviços autônomo na prefeitura, sem carteira assinada ou contrato formal. “O documento que deveria me dar segurança… é justamente o que agora alegam como motivo para me deixar de fora!” lamenta.

Documento fornecido pela Jucilene.

 

A sensação de abandono e invisibilidade é constante. “Minha família está desamparada aqui… Assistência social, Conselho Tutelar, todos sabem o que eu passei! Eu tive que fugir de um relacionamento de 14 anos, onde eu sofria todo tipo de violência. E mesmo assim, é como se não me ouvissem. A gente cumpre todas as regras, mas somos ignorados!”

Jucilene lembra ainda da esperança que teve na época em que a promotoria lhe forneceu um documento garantindo moradia: “Na época, eu pensei: agora meus filhos terão segurança! Mas agora… agora é como se tudo isso não valesse nada.”

O caso expõe falhas graves na transparência, comunicação e gestão do programa Ser Família, que deveria garantir moradia a famílias em situação de vulnerabilidade extrema, mas que, na prática, deixa cidadãos à margem.

Enquanto isso, Jucilene e seus filhos seguem vivendo com medo, insegurança e frustração, lutando para que seus direitos básicos sejam respeitados, em uma cidade que parece ignorar sua dor.

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