Em pleno 2024, os céus do Brasil seguem desafiando a ciência e a aviação. Documentos oficiais divulgados pelo Arquivo Nacional revelam que ao menos 26 episódios envolvendo objetos voadores não identificados (OVNIs) foram relatados por pilotos, controladores de tráfego aéreo e testemunhas civis ao Comando da Aeronáutica entre janeiro e dezembro do ano passado.
Os relatos impressionam pela variedade: luzes intensas de diferentes cores, objetos que se movem em zigue-zague ou a velocidades extremas, formas triangulares, redondas e até comparações com asas-delta. A maior parte dos avistamentos ocorreu durante voos comerciais, em diferentes pontos do território nacional, como Mato Grosso, Paraná, Bahia, Goiás, Tocantins e Amazonas.
Em 5 de maio de 2024, por exemplo, um piloto que sobrevoava o estado de Pernambuco relatou um “tráfego deslocando-se da esquerda para a direita, com luzes brancas e vermelhas”, o que o levou a solicitar aumento na razão de subida da aeronave para evitar possível colisão — o objeto, no entanto, não foi detectado pelo radar.
Outro caso impactante ocorreu em 6 de junho, quando quatro aeronaves reportaram, simultaneamente, um objeto “branco-amarelado” movendo-se em “alta velocidade” na região de Vitória da Conquista, na Bahia.
Já em 29 de julho, ao menos duas aeronaves que faziam a rota São Paulo–Cuiabá relataram um objeto com luzes que “acendiam e apagavam” por 10 a 15 minutos, em um movimento lateral incomum, sem qualquer identificação posterior.
Entre os outros registros divulgados, destacam-se:
14 de julho: Sete objetos “semelhantes a estrelas”, mas em velocidade acima do som, foram avistados perto de Cuiabá (MT);
22 de setembro: Objetos em zigue-zague observados perto de Belo Horizonte (MG);
30 de dezembro: Dois casos distintos em Campo Grande (MS), com objetos coloridos parados no céu;
04 de novembro: Objeto em zigue-zague avistado nos céus de Curitiba (PR);
01 de agosto: Objeto em forma de asa-delta de grande porte, sem localização exata definida.
Desde que o governo brasileiro passou a divulgar esses registros publicamente, mais de 900 ocorrências já constam no Arquivo Nacional. O órgão reforça, no entanto, que o termo “OVNI” não deve ser interpretado como sinônimo de “extraterrestre”, já que os relatos podem envolver aeronaves não identificadas, drones, balões, estrelas ou até mesmo fenômenos atmosféricos.
Apesar da curiosidade crescente da população, a Força Aérea Brasileira (FAB) afirmou, por meio de nota, que não realiza estudos ou análises sobre os relatos recebidos. “O Comando da Aeronáutica informa que não realiza estudos e análises acerca do tema, apenas cataloga as informações prestadas por terceiros e as remete, periodicamente, ao Arquivo Nacional”, informou.
Outro destaque da recente liberação foi a disponibilização dos áudios da famosa "Noite dos OVNIs", ocorrida em 19 de maio de 1986. Na ocasião, radares do Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo) identificaram 21 objetos não reconhecidos nos céus brasileiros. Em um dos áudios, um piloto descreve, com espanto:
“Tem um passando baixo, cara! Tá bonito! Olha, meu irmão. Pô, rapaz, ‘tô’ arrepiado, meu irmão.”
Os registros reforçam o fascínio e o mistério que ainda cercam os céus do Brasil — onde, aparentemente, nem tudo o que voa tem explicação imediata.